sábado, 21 de fevereiro de 2015

A experiência da invaginação a partir da obra Slogan for the 21st Century, de DOUGLAS COUPLAND.
Por Leandro Bessa


          Abro uma nova página na internet, logo tenho dez, quinze, vinte abas abertas simultaneamente. Sem contar as diversas vezes que interrompo a minha pesquisa inicial, que já nem me lembro exatamente qual era, só para espiar a timeline do facebook e, responder os chamados do celular via app’s, dos mais diversos possíveis.

       Ainda, sou atropelado pelo sentimento de proximidade, esse sentimento confundido diversas vezes por saudade. A angústia em não estar do lado da pessoa que amo. Também analisado como, vazio, cavado pelas novas tecnologias e ampliado pelas distâncias geográficas. Fruto do mundo dito globalizado.

       No vão dessa tormenta, a arte contemporânea escancara seus espelhos para nossas frágeis e débeis atitudes cotidianas, consideradas egoisticamente grandiosas e progressistas. Ora, a força das coisas é irreprimível e, em determinados momentos, é inútil lutar contra a lenta subida da maré. Não há como fugir ou lutar contra o rio, o fluxo, que nos empurra e nos ajusta, nos configura para a ordem e a lógica do presente. Inútil fugir.

Essa força que, aparentemente nos impulsiona para fora de nós mesmos, faz, na verdade, o sentido contrário. Isso que o sociólogo francês Michel Maffesoli chamou de invaginação dos sentidos. Seria algo como um regresso, um retorno ao ventre, ao sensível,  um tempo de parada, de certa forma. Assim, para essa lógica do regresso está a obra Slogan for the 21st Century, do artista canadense DOUGLAS COUPLAND.

A obra encontra-se na exposição “Ciclo: Criar com o que temos | 2a edição” do CCBB de Brasília. Frases como: Todos estão se sentindo como você agora,  compartilhar equivale a posse para perdedores e confundir caos com liberdade é embaraçoso. Apresenta um conjunto de aforismos ideais para nossa atualidade. Cada frase produz um efeito de invaginação, de pausa, de tempo para se questionar.

A arte contemporâneo não é, de forma alguma, de fácil digestão, tampouco decorativa ou, para ser mais radical, contemplativa. Não demoramos muito tempo frente a um objeto de arte contemporânea. Tenho feito essa observação durante as últimas visitas às galerias de arte. O público passa rapidamente, não se preocupa com o texto que acompanha a obra, um comentário banal ali, uma expressão como: “Nossa são palitos de dente?!!!” ou, “Hummm, gostei”, ou ainda, “não gostei”. E tudo se passa tal como num entretenimento. Enquanto que, a própria obra zomba dos passantes. Silenciosa, ela fala de mim, imita você, debocha de todos nós, bem como, da nossa atualidade. Critica nossas escolhas e hábitos, ridiculariza nosso modo banal de existir.

Esta pausa que fiz, nesta tarde de sábado, diante da obra de DOUGLAS COUPLAND, provocou em mim, essa chamada invaginação dos sentidos, por “harmonizar-se com os ritmos, quase fisiológicos, da existências. Ritmos que expressam um sensibilidade viseral: sono-vigília, digestão-apetite...”.

Desta experiência com a exposição, ruminaram todas as questões ligadas aos excessos, angústias e sentimento de vazio que tenho vivenciado, não por serem sentimentos exclusivos, mas por pertencerem ao tempo que vivo, esse tempo que habito. Que tempo é esse?


                        A onipresença dos computadores à nossa volta, o estabelecimento definitivo da internet, os avanços da biotecnologia e as promessas da nano, as inovações tecnológicas de toda sorte já ultrapassaram infinitamente os limites dos laboratórios científicos e hoje fazem parte do cotidiano [...] campo fértil para as experiências artísticas” (Arlindo Machado in. Arte Mídia.).



terça-feira, 14 de junho de 2011

(detalhe das esculturas de cedro de Aleijadinho em Congonhas do Campo)



A questão da vaidade
A questão da arrogância, da ganância.
A questão da autoestima
A questão do amor pelo outro
O amor por si mesmo
Devemos aprender a ver o visível que não vemos.

(inspiração no seminário dos alunos de Estética e História da arte)

terça-feira, 17 de maio de 2011

Eugène Leroy (1910 – 200)

Grosse rose rouge

Huile sur toile, 1993

Musée d’art moderne de Paris


"A tentativa de não comunicar é, de qualquer modo, tão complexa quanto a tentativa de comunicar, e sem dúvida ingualmente antiga" (Alberto Manguel)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Edgar Degas (1834-1917)
Petite danseuse de 14 ans
entre 1921 et 1931, modèle entre 1865 et 1881
Statue en bronze avec patine aux diverses colorations, tutu en tulle, ruban de satin rose dans les cheveux, socle en bois
(referência: http://www.musee-orsay.fr/fr/collections/oeuvres-commentees/sculpture)

"O espirito utiliza as Imagens para captar a realidade profunda das coisas, é exatamente porque essa realidade se manifesta de maneira contraditória, e consequentemente não poderia ser expressada por conceitos" (Mircea Eliade, em Imagens e Símbolos, p. 11)




quinta-feira, 14 de abril de 2011


Hermes (mercúrio)
Conhecido como Hermes Richelieu
Escultura roamana do século II a.C.
Foto tirada do museu do Louvre - Paris


Hermes, filho de Zeus e Maia, a mais jovem das
Plêiades. nasceu num dia quatro (número que lhe era
consagrado), numa Caverna do Monte Cilene, ao Sul da
Arcádia. Apesar de enfaixado e colocado num vão de um
salgueiro, árvore sagrada, símbolo da fecundidade, da
criação portanto, Hermes, no mesmo dia em que veio à luz,
desligou-se das faixas, demonstração da sua natural
inquietação, do seu gosto pela liberdade e do seu poder de
ligar e desligar, isto é, de aproximar-se c afastar-se.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Pablo Picasso - A suplicante
1937, Musée Picasso - Paris

"Quando crianças, muitas vêzes vemos com toda a clareza esse caminho para o conhecimento. A criança apanha alguma coisa e quebra-a a fim de conhecê-la; ou apanha um animal; cruelmente arranca as asas de uma borboleta a fim de conhecê-la, de forçar seu segredo. A crueldade em si, é motivo por algo mais profundo: o desejo de conhecer o segredo das coisas e da vida." (Erich Fromm)

quinta-feira, 31 de março de 2011

"Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer, nada compreende. Quem nada compreende, nada vale. Mas quem compreende também ama, observa, vê... Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor... Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas." (Paracelso)

Tunga - True Rouge, redes, madeira, vidro soprado, pérolas de vidro, tinta vermelha, esponjas do mar, bolas de sinuca, escovas limpa-garrafa, feltro,bolas de cristal, 1315 x 750 x 450 cm, 1997
True Rouge 1997
Técnica mista Mixed mídia

Desde meados dos anos 1970, Tunga cria obras de um imaginário exuberante em desenho, escultura, instalação, filme, vídeo e performance. Seu impulso multimídia está associado a uma compreensão da arte como campo multidisciplinar, em que filosofia, ciências naturais e literatura andam ao lado das artes visuais; trata-se de compreender as ações físicas de uma obra como parte do pensamento sobre ela, evitando-se a dissociação entre teoria e prática de um mesmo fenômeno. Não raro, para o artista é importante também ultrapassar os limites entre ciência e fantasia, realidade e ficção, resultando na criação de uma mitologia própria. Em vários de seus trabalhos, o artista contrata performers para realizar algo parecido a rituais performáticos, “inaugurando” a obra. Para denominar estas obras, prefere o termo “instauração” a performance ou instalação, que definiria de maneira mais satisfatória algo que, a partir daquele ato, começa a existir. True Rouge pertence a este grupo de trabalhos. Na instalação, atores nus interagiram com os objetos pendentes: recipientes que contêm um líquido viscoso, vermelho, que derramam sobre si e os vidros, remetendo aos ciclo vitais. O trabalho surge do poema que lhe dá título, escrito por Simon Lane e que descreve uma ocupação do espaço pelo vermelho, valendo-se de trocadilhos entre a língua inglesa e francesa. Os objetos que pendem do teto, unidos por estruturas interdependentes, aludem a um grande teatro de marionetes: uma escultura de manipulação, que, se valendo da gravidade, não chega, contanto, a tocar o chão.
Fonte: http://www.inhotim.org.br/index.php/arte/texto/de_parede/311/tunga

Tunga - True Rouge, redes, madeira, vidro soprado, pérolas de vidro, tinta vermelha, esponjas do mar, bolas de sinuca, escovas limpa-garrafa, feltro,bolas de cristal, 1315 x 750 x 450 cm, 1997


Instalação no instituto Inhotim - Arte com cheiro, cor, movimento, cinética e estética.
Valeu a pena a experiência - todos devemos ir ao menos uma vez na vida conhecer o Inhotim, é o nosso Louvre contemporâneo. Excelente

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011


Robert Morris - Blin time V

"Ver a pintura é ver o toque, ver os gestos manuais do artista, daí o porquê de sermos tão rigorosamente proibidos de tocar a tela".

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Paris - 16 de Setembro

Uma certeza me foi confirmada, a arte é uma excelente maneira de compreender a vasta e misteriosa história da humanidade. Ela é uma forma de entender nossa história, minha história, sua história. Ela é uma maneira de compreender; como chegamos a ser essa síntese de natureza.
Minha viagem não é algo fácil de ser explicada. Verdadeiramente, não é algo que possa ser compreendido por alguém que nunca vivenciou essa aprendizagem a partir do contato com diferentes culturas e civilizações.
Incrivelmente isso é algo que deve ser experimentado. Meu anseio é de poder fazer com que os que participaram desta história possam compreender ao menos o principio do sentido, mas sei que é difícil. Restarão aos outros somente anedotas, curiosidades, retratos, mas nunca a essência do que vivi, daquilo que me permiti ser possibilitado, do que me permiti ser visto, pois vejo dessa maneira, não fui eu que observei toda a grandiosidade destas cidades, foram suas esculturas, pinturas, arquiteturas, artistas e paisagem que me observaram. Deixei-me ser olhado, tocado, por todo esse fantástico universo que é a produção artística guardada pela Europa.
Carregarei comigo o espírito de cada peça que apreciei com atenção. E as que não observei com cuidado, ou por falta de tempo ou mesmo por falta de interesse por desconhecer o seu valor, espero voltar, voltar com uma outra alma, com um outro entendimento, para olhar e ser olhado, para amar e ser amado. Afinal "qualquer amor ja é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura".

Roma - 15 de Setembro



Florença - 12 de Setembro

"Aqui os meus sentimentos ultrapassaram todo o meu entendimento"





"Minha pintura observa primeiro a gama obscura dos mestres que estudo no Louvre. Logo minha paleta se esclarece influência dos impressionistas e dos neo-impressionistas, de Cèezanne e dos orientais. Meus quadros se formam por combinaçao de manchas e arabescos."
(Henri Matisse)

Barcelona - 10 de Setembro

(Bairro Gotico)
(Luar)

(Parque Güell - Casa Gaudi)

(Detalhe Catedral Sagrada Familia)